Aulas com Alicia Marquez
Hoje escrevo sobre as aulas de Alícia Marquez. Foi o Estudio Alicia Marquez que viabilizou minha permanência na Espanha durante um ano, fornecendo um certificado de que eu seria aluna do Estudio. Durante o ano, fiz aulas com Alicia Marquez, Ramon Martinez e bata de cola com Nieves Casablanca, mas hoje focarei somente nas aulas de Alicia.
E Estudio está na pequena rua Cantabria ao lado da charmosíssima Praça San Lorenzo. Que delícia era tomar um café com tostada antes ou depois das aulas nessa praça que é ponto de encontro de senhores, famílias com crianças e amigos. Além de estar quase na esquina da Alameda Hércules, seus bares e bancos e um pouco mais distante da Campana ou Encarnacion, outras boas localizaçoes para compras e cafés.
Alicia dá aulas de Intemediário (10h às 11h) Avançado (11h às 12h) e bata de cola (12h30 às 13h30). As aulas têm acompanhamento do guitarrista Jordi Flores, que está sempre disposto a tirar dúvidas ou esclarecer detalhes musicais do palo trabalhado.
Suas aulas propunham disciplina, técnica, inspiraçao ao dançar! Logo na primeira aula, fiquei encantada com sua forma de falar da respiraçao, do posicionamento de braços, tronco e com a intensa dinâmica da aula. Seu aquecimento incluindo alongamento e sapateado, costuma coordenar sapateado com braceio e isso já mostra uma das características fortes de seu trabalho. Ela falava muito sobre a importância de se dançar sempre usando braços, corpo e sapateado como um todo.
Alicia começou seus estudos com Matilde Coral a quem sempre cita em aula como sua maestra. Se titulou na escola de Matilde Coral em Dança Espanhola e depois estudou com Mario Maya, Manolete, Manolo Marin e Jose Antonio.
Eu vi em Alicia uma professora maestra, dessas que carregamos depois por toda a vida. De manha, cobrava das alunas postura pró-ativa, pontualidade, disposiçao e qualidade da presença em aula. Quando já tínhamos a coreografia montada (costuma trabalhar uma coreografia por mês) se dedicava a repassá-la ensinando o trabalho de resistência, intençoes do baile como um todo e de cada parte para poder valorizar a força de remates ou chamadas ou nao prejudicar o valor de um cante ou falseta massacrando-os com sapateados muito fortes!
Para mim, uma das experiências marcantes era ouví-la falar de como o corpo deveria carregar o significado de cada movimento para que o baile nao ficasse perdido ou sem sentido e como para isso deveríamos usar da respiraçao, boa colocaçao de corpo e emoçao.
Depois de alguns meses fazendo aula com ela, quando voltei a aulas de outros professores percebi uma diferença muito grande na minha forma de dançar. A impressao era de que meus braços tinham ganho outro valor!
Nessa escola, fiz algumas das minhas melhores amigas desse período! Bailaoras que já vivem há alguns anos em Sevilla e se dedicam ao baile!
Aulas de Flamenco em Sevilla …. quantas possibilidades!!!! Como escolher?
Hoje inicio uma nova fase no blog! Voltei da Espanha há uma semana, morei dez meses em Sevilla que passaram tao rápida e intensamente que a volta exigirá alguns meses de elaboraçao e muitos tópicos a serem escritos. Essa é a parte que interessa aos leitores !!!
Começarei pelas aulas! Quando chegamos em Sevilla, temos tantas e tantas possibilidades que ficamos confusos. Escreverei a partir de hoje, sobre as aulas que fiz durante esse tempo todo, detalhando, sob meu ponto de vista algumas das principais características de cada um dos professores e localizaçao das escolas!
Alícia Marquez, Ramón Martinez, Juana Amaya, Andres Peña, Juan Paredes, Carmen Ledesma, Pastora Galván, Farruquito, Torombo, Adela Campallo, Leonor Leal, Úrsula Lopez, Ana Morales, El Nano…. Enfim…. andei por muitas escolas em Sevilla buscando a conhecimentos, técnicas, linguagens, inspiraçoes e mestres, que pudessem me ajudar a desenvolver a expressao e a compreensao do flamenco, arte que me cativou e vem cativando tantas pessoas há tantos anos. Com alguns fiquei mais tempo, com outros menos, com alguns cheguei até a ter uma só aula em alguma substituiçao a outro professor, mas contarei um pouco mesmo assim!
Antes e para iniciar, algumas dicas que podem ajudar no momento da escolha do professor ou professores : informar-se, conhecer e escolher característica e/ou estilo do professor, priorizar conteúdo focado, observar e/ou experientar, sao, creio, algumas a serem consideradas nesse momento. Vale lembrar que essas dicas nasceram da minha experiência pessoal e de muitas conversas que tive com outras pessoas que estavam em Sevilla nesse período, nao sendo p0rtanto regras ou verdades absolutas.
- informar-se: pergunte muito! Quem já está na cidade pode te ajudar. Os sites das escolas nem sempre estao atualizados, portanto vale à pena ligar, ou passar na escola para saber horários e preços. Muitos professores, principalmente os mais ligados ao que alguns chamam de flamenco racial ( e muitos outros de flamenco gitano ) nem chegam a ter site, estao em locais pequenos ou próprios, sem muita divulgaçao virtual. Quem já está na cidade há mais tempo seguramente poderá te ajudar! Assistir espetáculos ou videos pode ajudar também!
- conhecer e escolher característica e/ou estilo do professor:
em Sevilla há bons representantes de algumas das escolas flamencas: o que você busca? Estar próximo aos gitanos? Apropriar-se da linguagem técnica nascida a partir dos ensinamentos do ballet clássico, clássico espanhol e aplicada, ensinada e disseminada no mundo flamenco por maestros como Antonio Gades, Cristina Hoyos, Matilde Coral e Mario Maya? Quer entender como essa técnica e outras de linguagens de dança moderna estao aplicadas em espetáculos mais contemporâneos? Claro que todos se complementam, uma necessariamente NAO exclui a outra na formaçao de ninguém, mas dependendo do tempo que você estará em Sevilla vale á pensar nesse aspecto. O professor com quem estamos em contato sempre nos inspira, nos propoe movimentos, nos conta experiências de sua formaçao, carreira ou criaçao de espetáculos por isso estar com um artista que você admira pode ser muito bom!
- priorizar conteúdo focado: Alguns professores priorizam o trabalho técnico e nao trabalham coreografia, outros trabalham somente a coreografia, partindo do pressuposto de que você tenha o nível técnico para realizá-la, outros fazem de seu aquecimento um momento para o desenvolvimento técnico de seus alunos! Há aulas especializadas em ritmo, palma, cante. Outros ainda focam suas em preparar o aluno para participar de uma fiesta por bulerias ou tangos!
- observar e/ou experientar: creio que o mais importante é experimentar uma aula. Nada melhor que participar da aula, ou assistí-la para entender no corpo e poder decidir. Algumas escolas ou professores permitem experimentar, mas a maioria delas te permitirá somente assistir e se quiser experimentar a aula, deverá pagar uma aula avulsa. Vale à pena!
Ana Marzagão 